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SimCity: o que nós achamos do jogo

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Discutir a importância da Maxis, o pequeno estúdio de desenvolvimentos, para o mundo dos jogos é algo meio que inútil. Ela criou, sozinha, um título que revolucionaria o mercado de jogos eletrônicos em 1987, reimpulsionando a indústria depois de estagnar por anos seguidos. Isso mesmo: um estúdio de garagem desenvolveu um disquete com um jogo de “desenhar mapas”. E conquistou seu espaço na História.

É essa a importância da Maxis, de Will Wright e, claro, de SimCity, sua poderosa criação. O jogo que criou o gênero de simulação estava sem um lançamento original desde 2003 (em 2006, 2007 e 2009 tivemos alguns spin-offs para Wii e DS), e então ressurge com força total.

Você vê o que você simula

“Você vê o que você simula”, diz o mote da Glassbox. E é exatamente isso que temos aqui. Por mais que SimCity 4 trouxesse um enorme número de prédios e sims, era muito fácil ter de rever a mesma situação várias vezes, quase que de forma episódica. Aqui no novo SimCity, porém, você pode esquecer: clique em um Sim qualquer e veja ele ter sua rotina. Sims procuram emprego, diversão, educação, saúde e, claro, conforto. Escolha no meio da multidão um e veja-o sair do trabalho para a sua casa, onde passa a noite e, no outro dia de manhã, sai para passear no distrito comercial.

Crie lindas cidades com a poderosa nova engine Glassbox.

Crie lindas cidades com a poderosa nova engine Glassbox.

Sim. Aqui em SimCity temos uma simulação real de vida dos nossos cidadãos. É quase que um The Sims simplificado dentro do escopo da cidade. E, mais do que fez com Spore, a Maxis possibilita com sua nova engine tornar suas decisões como atos realmente importantes no jogo: não invista num posto de saúde, e seus Sims doentes irão parar de trabalhar. Parando de trabalhar, eles param de ganhar dinheiro. Parando de ganhar dinheiro, eles deixam de ir fazer suas compras. Deixando de fazer suas compras, o distrito comercial quebra. As lojas fecham. As pessoas saem de sua cidade. Sua zona industrial se torna em uma cidade fantasma.

É nessa complexidade que mora a beleza do novo SimCity. Sempre prezada por ser bem sóbria em desafios, a série aqui não desaponta. O jogo é igualmente desafiador (por realmente conectar tudo o que é simulado) e acessível: os novos recursos de estatísticas e os “ajudantes” do prefeito são uma verdadeira mão na roda. Aquela zona lá está ficando vermelha por causa da saúde? O que fica melhor: criar um novo posto de saúde lá ou expandir o alcance desse aqui? Veja o que fica melhor pro orçamento da cidade e reze para que seja a escolha certa.

Belíssimas cidades

Com o Glassbox cuidando do motor de simulação, a Maxis ainda deu atenção para o visual e o som. Trabalhando há anos na empresa, Ocean Quigley — o diretor de arte — criou em SimCity não só um excelente filtro realístico, mas também adicionou “magia” com a técnica de tilt-shift, um estilo de fotografia e filmagem que parece uma miniturização. Essa escolha respeita o histórico da série, de exibir tudo com leve inclinação, e também aperfeiçoa o desempenho do jogo. O foco fica mais ao centro da tela, o que permite que apenas aquilo ali precise ser gerado com a perfeição soberba de detalhes.

Tilt-shift deixa o visual do jogo ainda mais bonito.

Tilt-shift deixa o visual do jogo ainda mais bonito.

Um detalhe muito bacana do jogo é a inclusão de filtros. Segundo a desenvolvedora, os filtros não são apenas para deixar sua cidade em preto e branco, vintage, sépia… mas também para oferecer uma boa experiência para jogadores daltônicos. Um cuidado muito interessante para uma empresa que preza, há alguns anos, a acessibilidade de seus jogos.

Agora, no que se refere à trilha-sonora, o jogo igualmente não decepciona. Unindo sintetizadores (já históricos na empresa, como em The Sims e Spore) e lindos movimentos orquestrados, a música se integra com o Glassbox para oferecer um clima adequado ao que está sendo simulado. Surgiu um desastre? A trilha-sonora gradualmente se torna mais densa e urgente. Está numa paz? A música se funde com o som ambiente e deixa tudo ainda mais perfeito.

Conexões, para o bem e para o mal

O anúncio que abalou a comunidade de fãs da série veio como uma bomba. SimCity seria um jogo obrigatóriamente online. Conhecido por ter uma legião de jogadores que gostam de interagir indiretamente, a Maxis aqui decidiu reinventar a sua roda e permitir uma conexão mais constante entre todos. No novo SimCity temos o Mercado Global, as Recompensas, os aperfeiçoamentos e as conexões de recursos. Mas isso vem com lados bons e ruins.

Primeiro os bons. Participar e uma verdadeira nação de cidades interconectadas é realmente incrível. Ver, quase que em tempo real, que uma crise que assola a sua região está afetando o preço do Petróleo, por exemplo, é fantástico. Todos dependem de todos, em SimCity. Isso torna a especialização de cidades quase que essencial: você pode oferecer boas escolas e seu vizinho boas oportunidades de emprego, trocando assim interesses.

Agora, os ruins: mesmo se você não quer compartilhar sua influência com o mundo, você ainda assim precisa estar conectado. É chato porque é uma tentativa fútil da Electronic Arts em evitar a pirataria e popularizar o Origin. Agora, é de uma enorme burrada — que se comprovou nessa semana de lançamento.

Prometendo uma experiência 100% consistente, mesmo com a necessidade de conexão, a EA acabou mordendo a língua ao ver que seu jogo está, há quase uma semana inteira, com milhões de jogadores sem sequer conseguir conectar aos seus jogos. No dia seis de março eu não consegui jogar de modo algum: a fila pros servidores era enorme e, quando chegava a sua vez, algum problema de conexão surgia do nada. Ou seja: de dez a vinte minutos esperando para uma experiência de dois minutos. O ocorrido está arruinando a fama da EA e, claro, petições e mais petições estão surgindo pela Internet pedindo para que seja criada uma opção offline do jogo, uma vez que a empresa não consegue atender à sua própria necessidade.

Você vai amar, e odiar, as possibilidades online do jogo.

Você vai amar, e odiar, as possibilidades online do jogo.

É, realmente, o elo fraco de SimCity. Mesmo que possibilite uma enorme gama de possibilidades, a obrigatoriedade idiota da conexão contínua acaba estragando a experiência para muitos dos fãs da série, que são daqueles que passam dias criando uma cidade sozinhos, sem a perturbação de ninguém, para colocar uma linda chuva de meteoros e ver o caos se espalhar.

Embora isso, um belo reboot

SimCity, mesmo com seus incríveis problemas de conexão que tornam um parto conseguir jogar, é um excelente jogo e uma ótima nova chance para uma série fantástica. Trazendo elementos clássicos, como as zonas, os desastres, o modo Deus e a velocidade de Guepardo (sempre necessária) e apresentando recursos novos muito bacanas (o Glassbox, o Mercado Global e o tilt-shift), temos realmente um novo simulador de uma nova geração.

Novo jogo une conceitos clássicos com novas possibilidades.

Novo jogo une conceitos clássicos com novas possibilidades.

Aguarde até a próxima semana. Lá pela quinta-feira. E compre seu novo SimCity. É um jogo excelente — o melhor da Maxis, não tenho dúvidas —, que embora esteja apresentando instabilidades irritantes, também oferece uma experiência incrível de ver um jogo responder, ao vivo, às suas decisões. Tudo está em suas mãos no novo SimCity. Para bom prefeito, meia rua basta.


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